Desejo não é pecado

“Amor é o desejo irresistível de ser irresistivelmente desejado.” (*Robert Frost)

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Há quem acredite em milagres


Há quem acredite em milagres

Eu gosto do impossível, tenho medo do provável, dou risada do ridículo e choro porque tenho vontade, mas nem sempre tenho motivo.
Clarice Lispector

Se não tiver sido pelo amor, que tenha sido mesmo pela dor, porque embora lágrima muitas vezes seja resultado de sofrimento, também é sinal de vida.Recito com uma das mãos no peito Cecília Meireles: “ O choro vão da água triste, do longo vento, vem morrer-me no coração.” O choro quando é de mágoa, lava, quando é de saudades, aproxima e quando é de dor mesmo, alivia, renda-se as suas lágrimas, abaixe a guarda como eu abaixei, se permita sentir, mesmo que o sentimento te faça sofrer.
Se não tiver sido pela insistência, que tenha sido pela minha fé, pelos meus joelhos dobrados, pelo meu abandono da arrogância de pensar que sou capaz de compreender tudo com a minha lógica.Fé parece algo irracional para os racionais, mas pra quem tem coração no centro da alma, entende que o corpo é só um veiculo.Eu creio.
E se não tiver sido pelo merecimento, que tenha sido mesmo pelo destino, porque a cada passo do meu caminhar eu segui na direção certa, ainda que tenha muitas vezes negligenciado os valores fundamentais da minha essência.Se eu tivesse acreditado que não conseguiria e que tudo estava perdido, o que em alguns meses vai acontecer comigo hoje eu nem escreveria que:
Eu sou mais um a acreditar em milagres.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Eu gozo


Eu gozo, não só pela satisfação ou pelo alívio, mas principalmente pelo contato físico. Eu gozo, não só por causa do prazer, mas sim pela sensação de plenitude que o exercício da sexualidade me causa. Eu gozo principalmente por causa da troca de energia, pela aliança e enlace dos corpos e pelo estabelecimento de uma relação independente de sua duração, mas com certeza por causa da atração e pela afinidade.
Eu gozo pelo charme e a sedução do antes. Eu gozo pela sublimação do domínio e da dominação do durante. Eu gozo pelo equilíbrio e a paz do depois, em que se tem a nítida sensação de que o sofrimento e a inquietude estão finalmente ausentes. Eu gozo porque quero me sentir misturado com a minha parceira.Tanto que nos confundimos um com o outro antes de se levantar da cama.Como se aqueles momentos fossem durar uma eternidade.
Eu gozo, até mesmo sem sexo, sem a necessidade da penetração, um orgasmo intenso mesmo sem ejaculação, porque há regozijo sublime ao ouvir uma boa música, ao comer chocolate, ao escrever um texto, ao receber um carinho, um afago, ou ao ler um bom livro. Eu gozo só pelo fato de que um acontecimento esteja ao mesmo tempo confortando tanto meu corpo como a minha mente.