Desejo não é pecado

“Amor é o desejo irresistível de ser irresistivelmente desejado.” (*Robert Frost)

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Bumbum

No corpo feminino, esse retiro — a doce bunda — é ainda o que prefiro. A ela, meu mais íntimo suspiro, pois tanto mais a apalpo quanto a miro.
(Carlos Drummond de Andrade)

E Deus criou a mulher com seus cabelos cheirosos, sua boca vermelha, seus seios redondos, suas costas de curvas suaves e seu bumbum arrebitado. O cérebro dos homens sente atração pelo que vê, mas eu não concordo em ser um mero espectador do bumbum feminino.Eu o vejo ativo, como uma parte anatômica da mulher que tem poder.Para muitos o corpo da fêmea é como se fosse o de uma mãe.Deve permanecer puro, ou então, é como o de uma prostituta, a qual só serve para sacanagens.Para mim ele deve ser a união dessas duas características.E é nessa igualdade que se encaixa perfeitamente o bumbum, aquelas duas metades que desejamos tanto. O milagre de ser dois em um.
Uma mulher deitada de barriga para baixo e bumbum para cima é como uma daqueles doces irresistíveis e maravilhosos expostos nos balcões de vidro refrigerados, como aquelas tortas de morango com creme ou de chocolate que você chega a comer com os olhos e enche a boca de água. O disparador do desejo começa por uma parte e depois vai para o todo.O bumbum, mesmo ficando atrás, muitas vezes  atrai a atenção primeiro, que depois acaba se espalhando para o resto do corpo inteiro.
As curvas, o volume e as proporções fazem do bumbum como um monumento que se destaca, ainda mais quando a mulher em seu ondulante caminhar rebola o seu derrière, palavra francesa para bumbum. Derrière como o de Brigite Bardot em   “Le Mépris” (O Desprezo) de Godard, em que ela pergunta: “e a minha bunda, você ama a minha bunda?”(cena que ficaria melhor ainda com a voz de Françoise Hardy sussurrada).
Também vou à contramão quando se diz que o bumbum é objeto de dominação do homem sobre a mulher, eu acho que é o contrário, ele na verdade nos hipnotiza, ainda mais quando está apenas sugerido em calças apertadas ou mais explícitos em espartilhos, lingeries com babados atrevidos. A mulher o oferece como um presente, um prêmio, então o bumbum é como um bombom. 
 A palavra bunda veio de ovimbundos, uma das etnias banta de Angola. As mulheres dessa etnia sempre foram conhecidas por sua beleza física e pelo farto bumbum e assim, para simplificar, todo mundo as chamavam de bundas. E a palavra acabou pegando no lugar mais saliente. Estruturalmente, na raça humana, as nádegas são formadas dos músculos que movimentam as pernas e é também o local onde é armazenada a gordura para formação de um feto.

É certo que o bumbum é um fetiche e como todo fetiche ele muda as coisas de lugar no corpo da mulher e do homem. A boca pode estar nos olhos, e o bumbum ao invés de ser apenas a parte de trás pode ser o protagonista do prazer. Que se morde, se prova, se afaga ou dá uns tapinhas.
Bumbum é ao mesmo tempo voluptuoso ou uma polpa gloriosa se for grande, cadeiras charmosas ou ancas graciosas se for médio, e dois pequenos  docinhos se for pequena, mas pode, todas elas, ser também carinhosamente um delicado pompom de coelhinha.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Costas


Quero pesar feito cruz nas tuas costas
Que te retalha em postas, mas no fundo gostas
Quando a noite vem
(Tatuagem – Chico Buarque)

A curvatura das costas femininas é um tema freqüente de atenção, já que a sensibilidade da maioria das culturas permite mostrar essa parte do corpo descoberta, sugerindo com isso a desnudes sem a mostrar realmente. São como uma incógnita . As costas femininas são como um caminho a ser percorrido pelas mãos e pela boca, da nunca ao bumbum vértebra por vértebra, costela por costela. E por ela que escorrem a cascata dos cabelos, é o lugar em que se desata o sutiã, onde um pequeno cofrinho ás vezes se revela das calças apertada e baixas. Onde ficam aqueles dois furinhos charmosos próximos a cóccix. É nas costas onde ficam os ombros tensos, e onde pele osso e músculos se harmonizam. É pelas costas que o homem domina a mulher no jogo erótico do prazer.
Vou te virar pelo avesso, com a boca mordendo tua nuca, e você todinha arrepiada como se a minha língua fosse feita de fogo e de gelo, e eu te dizendo suavemente pequenas obscenidades, os meus dedos de homem, todos os dez, percorrendo tua lombar, lentos e certeiros, como se fossem mensageiros, acarinhando e amassando, apertando e aliviando, minha massagem é de alta dosagem. Porque pelas tuas costas exploro, poro por poro, relaxando os teus músculos e contraindo os meus como se os movimentos derramassem sobre a pele do teu dorso um cálice generoso de vinho tinto, descendo pelas entranhas sinuosas da tua coluna, e caíssem nas esquinas das tuas coxas, até lá embaixo, onde teu corpo forma pequenos esconderijos.E eu beberia gota por gota, do meu vinho misturado ao teu caldo.
Pelas tuas costas, litoral do teu corpo, navegando pelo suor, de ladinho e de quatro, posição cômoda e sensual, pode não ser romântica como aquela em que o casal se beija e se olha, mas permite maior contato com uma região venerada pelos homens.
 O teu bumbum!

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Quadris

Uma prece pelos rebeldes de coração enjaulado
Tennessee Williams


Os seus quadris não mentem jamais, dizendo tudo no doce balanço a caminho de qualquer lugar, a cintura, mais fina, fala “me pega rapaz”, e a largura das cadeiras ficam insinuam o poder das tuas ancas e coxas.Teu corpo é instrumento musical, um violão para ser tocado, dependendo da música, do ritmo, toca-se as cordas com suavidade ou energia.
O seu rebolado é a dança dos seus passos, você não caminha, desfila, o queixo levantado, um pé na frente do outro como se estivesse seguindo uma linha imaginária no chão e os bracinhos balançando são a fórmula do seu requebrado. Quadril de mulher é felino, manhoso, e o rebolado feminino é herança genética da mãe, que antes dela nascer já andava de salto alto com elegância.
Os movimentos do seu quadril são para roçar e para encaixar melhor, são eles que traduzem aquele seu jeito louco de fazer amor, onde fica tudo que se quer, protegidos pelo zíper e pelo fechecler, por fora carne fria, por dentro toda a geografia que eu já imaginava desde a fotografia ou antes do baile e que depois aprendi tudinho pelo método braile.
O melhor movimento feminino continua sendo o dos quadris.

sábado, 24 de julho de 2010

Seios

O meu amado tem cheiro de mirra quando descansa sobre os meus seios
Cantares de Salomão 1:13

O mundo é redondo e assim também são os seios. Atraem magneticamente o nosso olhar como se fossem dois grandes imãs, para nós homens sem peitos não há paraíso. Oferecidos em decote ou recolhidos em blusas fechadas, irmãos gêmeos objeto de desejo da língua e da boca. Os mamilos são como dois botões da rosa que é uma mulher, da flor que é alguém por quem nos aproximamos intimamente a ponto de sugar o bico de suas mamas como se eles nos alimentassem os anseios e aplacassem a nossa sede.
Os bustos são o símbolo que uma menina agora é uma mulher, que os homens vão passar a olhar para ela, eles aumentam as curvas por onde podemos derrapar em seus corpos. Duas intumescências firmes, montes aprazíveis onde se desenham aureolas mais escuras que a pele, como dois sóis brilhando que a maior parte do tempo ficam encobertos pelas nuvens que elas usam, os sutiãs. Os seios são capazes de provocar ao mesmo tempo ternuras e afeições, volúpias e lascívias, e firmes ou balouçantes, ao fitá-los a olhos nus, nenhum homem fica como estava antes.
Em teu seio, ó liberdade, desafia o nosso peito a própria morte! As mães, esposas e amantes gaulesas costumavam ir aos campos de batalha exibir os seios nus para seus guerreiros a fim de lhes transmitir força e confiança na luta contra o invasor romano. Deusa dos seios divinos me alimenta não com o teu filho, mas como seu macho. Vaca profana, dona das divinas tetas, derrama o leite bom na minha cara e o leite mau na cara dos caretas. Sejam teus peitos grandes como os de Jayne Mansfield ,Brigitte Bardot ou Scarlett Johansson, médios como os de Kim Basinger e Monica Bellucci ou pequenos como os Sandra Bullock e Alice Braga eu os venerarei como se eles fossem dois pássaros acariciados delicadamente por minhas mãos.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Boca

Boca boa é aquela que faz homem esquecer que tem mãe, e querer só ter mulher! Pra fazer  zum-zum com ela e brincar de fazer neném.Boca gostosa é a que faz homem querer duelo e transformar língua em espada, em casos extremos até em punhal, para penetrar naquela mucosa vermelha toda molhada, ou descobrir quem devora mais, como um prelúdio do que acontecerá bem mais lá embaixo.Boca de mulher é irmã gêmea da vulva.
Boca deliciosa é aquela que com batom só de olhar para ela já te promete prazer, te garante que vai chupar e engolir. E que você em retribuição vai morder e depois assoprar. Trocar saliva é uma maneira de conhecer o mar do outro, para que ela sinta o gosto da nossa testosterona no fluir entre os lábios, respirar o mesmo ar até perder o fôlego. Boca de mulher é ligação direta de corpo para corpo.
Boca saborosa é aquela cujos lábios brilham, úmidos, prontos para receber a outra boca com fome, para se atar num roço , para provocar suspiro ou gemido, e convoca-se a participação do resto do corpo, as mãos para tocarem gentilmente o rosto para afagarem as bochechas ou brincarem no pescoço  . Os braços para o abraço, os quadris para o amasso. E os dedos para passearem pelas orelhas e pelo cabelo. A boca da mulher é um portal para o amor e o prazer, e se for parar ser aquela relação,a boca dela será uma janela aberta para sua alma.
Boca irresistível é aquela que mia baixinho como gata manhosa, mas que também uiva como loba faminta. 

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Cabelos


“O cabelo é...uma coisa rebelde como um mar e confusa como uma floresta. Está quase fora do corpo, é uma espécie de jardim privado, onde o dono exerce à vontade sua fantasia e sua desordem. É qualquer coisa que cresce e que transborda como se estivesse livre do domínio da alma.”
(Três alqueires e uma vaca” de Gustavo Corção )

Seus cabelos longos são como as linhas imaginárias que delimitam a separação de nossos mundos, mim Tarzan e você Jane, eu homem e você mulher. E é nesse hemisfério feminino que fico deslumbrado brincando com seus três milhões e meio de fios como se fosse novamente um menino.
Em cima deles tenho vontade de colocar uma grinalda de hera como se ela fosse a coroa de minha princesinha.E mesmo que nenhum dos outros reinos da terra obedecessem as sua ordens, seria o meu coração o império dos seus desejos e carinhos.
Seus cabelos descem pelas colinas de sua cabeça, cobrindo ás vezes seus olhos, ocultando seus pensamentos, mas revelando, quando presos, sua nuca, esse pêssego de pelos finos, seu eterno reduto virgem de mulher, território sensível de seu corpo, zona erógena capaz de te arrepiar desde teus pés até sua testa.
Seus cabelos têm uma cor cheirosa que invade meus pulmões quando enfio minha boca entre eles, são fios que vão tecendo dentro de mim uma teia de desejos, novelos rebeldes que precisam da doma de meus dedos. Quero encher as minhas mãos com os teus cabelos, e que sintas a minha pegada em seu couro.
Seus cabelos, um jardim de flores vivas com um milhão de borboletas entre eles, suas melenas são minha colheita, vindas de suas raízes profundas, dreno de teu mel, tua sedução quase que perfeita.

As calipígias

Li um conto que narrava à história de um camponês que tinha duas belas filhas que se puseram a discutir na rua sobre qual tinha o traseiro mais bonito. Um rapaz que passava, filho de um homem velho e rico, foi escolhido como juiz. Não só se pronunciou a favor da irmã mais velha, como se apaixonou por ela e acabou por levá-la para a cama e contar pra seu irmão mais novo. Este, curioso, foi para o campo, viu as duas garotas e se apaixonou pela mais nova. Quando o pai tentou fazer os dois jovens se casarem com moças da sua própria classe, não conseguiu convencê-los e acabou por aceitar que se casassem com suas camponesas. Ambas as moças foram chamadas de "calipígias".
Daí tive uma idéia.Na vida real escuto todo tempo os comentários elogiosos, só dos homens, sobre Jú(nome fictício para proteger a identidade da bunda, quero dizer da moça!) que trabalha na recepção da empresa e atende diretamente à chefia na parte de correspondências e relações públicas.Ela é como o cartão de visitas de nossa empresa, sempre sorrindo e atenciosa, cheirosa e bem arrumada.O caso é que todo mundo adora vê-la pela manhã dando bom dia, mas na verdade todo mundo quer vê-la é pelas costas.Explico.
Jú é uma morena cor de jambo, cabelão até a cintura, preto, dona de um par de pernas longas, coxas grandes e de um bumbum redondo e empinado. Lembra muito o da Sheila Carvalho em seus tempos áureos. A brincadeira na empresa é que ela consegue carregar uma xícara de café em cima do traseiro sem deixar cair para entregar para a chefia.Em nossos e-mails ao invés de escrever seu nome usamos um símbolo para nos referimos a ela:  (__|__)
Acontece que além de Jú tem a Lú(nome fantasia para proteger a moça).A Lú é uma espécie de assistente da Jú, atende as ligações externas e cuida das passagens aéreas e agendamento de reuniões internas e externas. É loira e usa um clássico uniforme da empresa: blusa branca e calça de tergal azul-marinho bem justa que deixa ver bem suas roupas intimas. Que, aliás, é quase sempre uma tipo asa delta que forma um minúsculo triângulo na frente e atrás.Seu bumbum é menor do que o da Jú, diria, eu e todos homens da empresa, que é outro estilo, que começa numa cintura fina e depois se desenha em curvas suaves como as de Niemayer no fim de suas costas e termina em suas coxas bem torneadas.O nome de Lú em nossos e-mails vem sempre acompanhado de um símbolo  (__Y__) 
A Jú é mais despachada, fala alto brinca com todo mundo e faz questão que brinquem com ela, a Lú faz o tipo ingênua porque quando passa pelos departamentos e o pessoal fica agitado diante daquela visão deslumbrante, ela, com a cara mais inocente do mundo, pergunta o que está acontecendo.
Então para decidir quem tem o bumbum mais bonito da empresa propus uma eleição secreta entre nós, todos adoraram a idéia e cada um escreveu num pedacinho de papel o nome da bunda, quer dizer da moça que achava que deveria vencer. A urna ficava discretamente debaixo da minha mesa, o cesto de lixo de papéis. Acontece que o resultado foi bastante apertado, da eleição, e eu como apurador único ao contar os votos constatei uma diferença mínima a favor da Jú.Porém anunciei aos eleitores que havia acontecido um empate entre elas e que as duas tinham vencido.Achava injusto dar a vitória a uma delas já que as duas mereciam.O bumbum empinado e o bumbum suave.
E as duas ganharam como prêmio uma caixa de bombom cada uma.