Desejo não é pecado

“Amor é o desejo irresistível de ser irresistivelmente desejado.” (*Robert Frost)

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Mulher brasileira é feita de amor - Parte II

A pernambucana simpática

Eu lembro da moça bonita/Da praia de Boa Viagem/E a moça no meio da tarde/De um domingo azul/Azul, era Belle de Jour/Era a bela da tarde/Seus olhos azuis como a tarde/Na tarde de um domingo azul/La Belle de Jour!...La Belle de Jour/Era a moça mais linda/De toda a cidade/E foi justamente prá ela/Que eu escrevi o meu primeiro blues...Mas Belle de Jour no azul viajava/Seus olhos azuis como a tarde/Na tarde de um domingo azul/La Belle de Jour!...

Alguns lugares são assim, se você não vai até eles, então eles vem até você. Ainda não estive em Recife e nem em nenhum parte de Pernambuco.Mas o Pernambuco já esteve em mim através da música, das amizades e de uma mulher.Uma pernambucana de quadris frementes,  nádegas maciças e grande sensibilidade nos seios, que faz amor como se dançasse frevo e que ama como se oferece caldo de sururu diretamente a boca do amante.
Os cabelos jogados de lado, a risada roca, as mãos carinhosas, a pernambucana simpática conquistou o poeta pela suavidade de seu caminho pelo ar, e ele se fez menino repousando entre seus seios e entrelaçando suas pernas nas pernas dela.
De madrugadinha, com o sol ainda por nascer nas avenidas Largas da cidade, ele erguia as pernas dela acima de seus ombros exercendo com vontade sua autoridade de macho sobre o corpo daquela pernanbucana arretada.

A paulista discreta

Tem mina de Sampa que é discreta, concreta,
uma lady! Nas rêivi ela é véri, véri krêizi.
Eu gosto as pampa das mina de Sampa!
(As mina de Sampa- Rita Lee)

Por mais que ela fosse tímida, dava par perceber que  um olhar atento lhe fazia cócegas, porque toda vez que alguém olhava assim pra ela ,ela de volta sorria.A paulista discreta era dona de uma franjinha tão mimosa sobre a testa, contraponto feminino que equilibrava sua aparência de mulher séria.Os vestidos longos, os “tailleurs” bem cortados, as blusas fechadas, enfim suas roupas que refletiam bem sua conduta, sem no entanto dar aos homens uma impressão de extrema fragilidade.Tudo por causa daquela franjinha.
E o poeta por ser paulista já sabia que mulher paulista procurava a razão de tudo, racionalizava suas emoções, por isso precisou usar uma estratégia, se confessou apaixonado por suas pernas e pelo som que seu salto alto fazia no chão. Por ninguém nunca ter lhe dito isso, ela acabou dando uma chance.
E daí foram só sete passos para a sedução: 1) Marcar um encontro, 2) Vestir uma roupa elegante e usar um perfume bom, 3) Pegá-la em casa as 9, 3) Jantar em uma cantina as 10, 4) Conversar calmamente olhando o tempo todo dentro dos olhos dela , 5) Segurar firme uma de suas mãos e acariciar levemente usando todos os dedos, 6) Convidar para outro lugar “mais tranquilo” com a boca fria, mas com o olhar quente. 7) Deitar na cama quadrada até deixar ela redonda, porque a paulista discreta quando provocada vira leoa selvagem que devora e é devorada sem dó nem piedade.
E para arrematar aquela noite, transformada assim, a paulista discreta dançou tango no teto com o poeta.


quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Mulher brasileira é feita de amor - Parte I


A gaúcha tem a fibra/A mineira o encanto tem/A baiana quando vibra
Tem isso tudo e o céu também/A capixaba bonita/É de dar água na boca/E a linda pernambucana/Ai meu Deus, que coisa louca/A mulher amazonense/Quando é boa é até demais/Mas a bela cearense/Não fica nada pra trás/A paulista tem a erva/Além das graças que tem/A nordestina conserva
Toda a vida e o querer-bem...E a mulher carioca/O que é que ela tem?/Ela tem tanta coisa/Que nem sabe que tem...
(Vinicius de Moraes)

A lolita Gaúcha

Amo tua voz e tua cor
E teu jeito de fazer amor
Revirando os olhos e o tapete
Suspirando em falsete
Coisas que eu nem sei contar
(Kleiton e Kledir – Paixão)

Que bela prenda, flor que desabrocha ao caminhar pelas ruas frias e varridas pelo vento minuano, sua exuberância juvenil e a puerilidade encantada enchiam os olhos de qualquer marmanjo. O vestidinho curto, os saltos altos e os cabelos dourados faziam com que todos os homens se virassem quando passava por eles. Uns apenas olhavam o desfile de sua beleza de menina e a lascívia de mulher, outros mais rudes lhe sopravam aos ouvidos galanteios horríveis, palavras de baixo calão. Acostumada a essas grosserias ela seguia impávida pelas avenidas como se não fosse com ela. No fundo gostava de chamar a atenção. Argentinos quando passavam por ela bradavam em espanhol como se fossem dançarinos de tango: “Bendito sea lo vientre de tu madre que gerou tan hermosa lolita!
De noite nua na cama, a lolita gaucha brilhava como uma estrela Dalva, pele branquíssima e juventude viravam do avesso aquele pobre poeta perdido nas terras do sul.

A santinha mineira

O sotaque das mineiras deveria ser ilegal, imoral ou engordar.Porque, se tudo que é bom tem um desses horríveis efeitos colaterais, como é que o falar, sensual e lindo ficou de fora?Porque, Deus, que sotaque!Mineira devia nascer com tarja preta avisando: ouvi-la faz mal à saúde.Se uma mineira, falando mansinho, me pedir para assinar um contrato doando tudo que tenho, sou capaz de perguntar: só isso? Assino achando que ela me faz um favor.
(Carlos Drummond de Andrade)

Ela chegou a pensar em ser freira quando tinha 12 anos, mas não levou a frente à idéia por causa da mãe. A mulher dos 3 M´s, morena, mineira, e miúda, a moça dos três S´s, a solitária de sorriso simples.Antes de conhecê-la ele nem acreditava muito em Deus, tinha lido num livro de Dostoiévski, que, se Deus não existe, tudo é permitido, ninguém precisa ter escrúpulos, moral, sentimentos, nada.Mas os dons espirituais da moça o transformaram numa pessoa que crê.Ela não era uma santinha do pau oco, tinha muita coisa dentro, não é uma mulher para “comer”, mas para se beber.Ela de pé e ele de joelhos beijando suas pernas morenas agarrado a suas saias.A santinha mineira ainda era virgem depois dos 30 anos, fora das Gerais isso seria um escarcéu entre as moderninhas, mas para ela o ser humano que passou a fazer muito sexo e nenhum amor, não lhe interessava . “Eles não passam de pessoas dominadas pelo desejo, eis a verdade”, dizia indignada. O poeta a conquistou com as palavras e com o amor que escorria delas como mel. Ela é daquelas que se entrega aos poucos, bem aos poucos, mas cada pedaçinho conquistado, e beijado com carinho, é como um delicioso bom-bocado.

A baiana encantadora

Toda menina baiana tem
Um santo que Deus dá
Toda menina baiana tem
Encantos que Deus dá
Toda menina baiana tem
Um jeito que Deus dá
Toda menina baiana tem
Defeitos também que Deus dá
(Gilberto Gil- Toda menina baiana)

Não que ele nunca tivesse visto uma mulher de umbigo de fora, mas a barriga daquela moça e seu umbiguinho mimoso como um botão de flor era um deleite para os olhos. Ficou três dias escrevendo versos lubrificados pelo desejo de beijar o umbigo daquela baiana encantadora. E numa noite quente de carnaval pairava no ar uma etérea magia, as pessoas dançando freneticamente, os corpos suados balançando pela avenida e a baiana sorrindo graciosa do outro lado com flores no vestido. O tempo parecia ter parado quando os olhares deles se cruzaram, e uma brisa sutil, úmida, fria, laçou os dois naquele momento. Um sensual arrepio percorreu o voluptuoso corpo da encantadora Baiana e uma flexuosa coragem o impeliu ao seu encontro. No meio de milhares de pessoas a se roçar por sobre as coisas todas,uma gata errando em seu eterno cio se entregou a um poeta.Não muito longe dali foram fazer amor num motel barato cheirando a mar.
A baiana encantadora de lábio carnudos e pele macia com a de um caju, de tão fogosa incendiou as veias do poeta com seu tempero arretado, misturando a faceirice, a meiguice com a brabeza. O que é que a baiana tem?
Tinha um pouco de africana pelas ancas largas, pelos colares coloridos no pescoço e as muitas fitinhas do senhor do Bonfim amarradas nos braços , um corpo moreno temperado com dendê e água de coco e misturada por rebolado enlouquecedor.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Beijo maior do que a boca

S de "sagrado" tudo o que combina com uma cantada de Bach; de "segredo", aquilo que você está louco pra contar; de "sexo", quando o beijo é maior do que a boca.
(Palavras ao vento- Adriana Falcão)

É como uma faísca ou um lampejo, não sei muito bem definir como vem.,mas sei que é desejo e desejo é quando o beijo é maior do que a boca ou quando a boca é a promessa de um corpo inteiro. E esse corpo inteiro, só de tocar lá na língua, você já sente que conspira todo para que o prazer seja alcançado. Os seios roçando no peito e os arrepios percorrendo a espinha são a celebração do amor-próprio e do congraçamento das nossas auto-estimas. Vamos fazer amor ou vamos transar? Não importa, é sexo.
E então o instinto pula para flor da pele e daí acordo dentro do corpo dela e ela se debate dentro de mim, juntos marchamos para um espécie de fim, para um clímax como se encontrássemos onde termina o horizonte e começa os céus.Os impulsos enlouquecem as mãos e vão se despindo os véus, eu sou passarinho e as entranhas dela meu ninho.Eu macho e decidido, ela se fazendo de frágil e difícil , o que fazemos tem hora que parece uma dança noutras uma luta.Por isso tem horas que eu a trato como namorada, noutras como puta.
Descobrimos juntos e misturados que o amor precisa de carinho e o sexo do pecado.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Rapidinha

O desejo simplesmente não nos deixou esperar, impetuoso em mim e ardente nela, a ousadia superou o medo. No ambiente em que estávamos onde tudo é padronizado e o trabalho sempre urge, não havia espaços e nem brechas. Mas a nossa curiosidade era bem maior do que qualquer risco. Bastou só uma chance pra que a gente conseguisse.
Nós tínhamos uma atração pelo outro de longa data, mas não passava disso, de olhares e de algumas brincadeiras, nunca nem tínhamos tocado no assunto. Mas naquela tarde ela olhou de um jeito intenso demais pra mim e eu devolvi na mesma moeda. Sorrindo e sem dizer nada, levantou da mesa se equilibrou nos saltos altos e não tirando os olhos de mim saiu da sala e foi pelo corredor. Mal tinha saído pela porta e eu já estava de pé quase atrás dela. Ninguém no escritório parece que tinha notado.
Sem olhar para trás ela abriu uma porta. O lugar secreto era o arquivo morto aonde pouca gente vai e a porta tem tranca. O friozinho na barriga com medo de sermos encontrados era um poderoso afrodisíaco. Ela não poderia estar usando roupa melhor do que aquela saia , atrevida que só , naquela hora nem estava usando roupa íntima por baixo. Tinha planejado tudo.
Não foi preciso dizer uma única palavra, assim que ela entrou e eu entrei em seguida, o beijo molhado e de língua disse tudo por nós. Agarramos-nos como se quisemos entrar um dentro do corpo do outro. As bocas agora já não se beijavam mais porque estavam ocupadas com as orelhas e depois com o pescoço. Ela me puxou pra cima dela com vontade, eu retribuí arrancando sua blusa. Após saltarem para fora bem diante de meus olhos, imediatamente comecei a tocar seus seios com minha língua. Ela enterrou seus dedos no meu cabelo e começou a puxá-los com muita força.
Ofegantes e loucos de desejo, olhando nos meus olhos num rápido movimento ela abriu o botão da minha calça e abaixou o zíper. Em outro movimento, só que dessa vez mais lento, ficou de costas pra mim levantando a saia bem devagarzinho para que eu me excitasse o máximo com aquela cena.
Puxei-a pelos cabelos e grudei meu corpo no dela, aquele foi o encaixe perfeito, mordendo sua nunca e ouvindo seus gemidos baixinhos , nós dois de pé não demoramos muito para atingir o clímax.
E tudo isso durou só uns 7 minutos.