Desejo não é pecado

“Amor é o desejo irresistível de ser irresistivelmente desejado.” (*Robert Frost)

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Meu sacrificio


Só conseguirá compreender o que é uma propriedade quem lhe tiver sacrificado uma parte de si próprio, quem tiver lutado para salvar e sofrido para lhe dar beleza.
(Saint-Exupéry)
 
A palavra sacrifício representa em seu significado original a maneira de tornar sagrado um ato.Todos nós de alguma maneira nos sacrificamos por alguém ou por um objetivo.Embora não seja confortável, se sacrificar não significa apenas sofrer,já que sabemos que as dores são obrigatórias, mas os sofrimentos não.
Sacrifício é renunciar, abandonar e escolher outro caminho. Sacrifício é renunciar porque renunciar é abrir mão, porém não é desistir. Renunciar é um gesto voluntario e consciente de recusar ou declinar de uma situação. Sacrifico é abandonar, porque abandonar é deixar, largar. Afinal chega uma época na vida em que é preciso abandonar as roupas usadas ou tudo aquilo que possuímos por muito tempo. O apego é sempre um redutor da nossa grandeza porque nos conduz pelos velhos caminhos que nos levam sempre as mesmos lugares.É preciso mudar e renovar, por isso é preciso sacrificar o que já está antigo e velho em nós.Porque se não houver uma pitada de ousadia em nossa jornada, no fim , teremos sido apenas uma fração do que poderíamos ter sido.
Sacrifício é escolher outro caminho, ainda que esse caminho seja mais longo, espinhoso ou difícil. Escolher outro caminho mesmo que esse caminho nem sempre nos provoque prazer ou certezas, e mesmo que esse caminho nos faça sangrar e até mesmo em algum momento nos provoque dúvidas. Mas esse caminho será fruto de nossa escolha não uma imposição ou um “seguir a manada”.
Afinal no final quando a morte chegar descobriremos que ela não será o fim, e  apesar do universo ter uma perfeita exatidão, descobriremos que ele tem também um grande senso de humor.Já no nosso velório saberemos que a primeira coisa que fazem os cadáveres , depois de enterrados, é abrirem novamente os olhos.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Novo caminho, mesmas pedras


Mas também quero tropeçar nas mesmas pedras do caminho
Máquina do Tempo – Flávio Venturni

O tempo engana, parece linear, mas na verdade é cíclico, o hoje já pode ter sido o ontem e o amanhã ainda pode ser agora. O hoje já não é mais imediatamente e ontem, ah o ontem eu já esqueci, só me lembro do que foi bom. O amanhã faz parte da nova rota que o meu coração traçou.
Eu vou ser pai, e tudo que eu um dia calei o meu filho dirá, todo filho deveria ser uma versão melhorada de seus pais.Sr pai me dá a sensação de que a vida nunca vai acabar ou se um dia chegar ao fim, meu filho será o eco das batidas do meu coração. O menino é o pai do homem, eu sei.

O sol dessa noite


Livre serás se não te prendem constelações...
Noites Com Sol- Flávio Venturini

Foi assim que nessa noite eu vi um sol brilhar, contrariando a lógica de noite e do dia. Quando a inspiração vem não há nada e nem ninguém que a impeça dos nos fazer voar. E assim, na nossa imaginação, até mesmo o astro rei interrompe seu descanso e arde no céu da noite abraçando a lua.
Eu que vou ser papai tenho vivido um êxtase esperando pela chegada de meu filho...toda noite choro como se sentisse saudades dele mesmo sem ele ainda ter nascido.....meu filho nasce todos dias comigo.

domingo, 4 de setembro de 2011

O ipê amarelo.

Eis que a árvore se rebela contra a maldade humana e resolve não morrer. Mas a reação foi pacífica, bela e cheia de amor. Rebrotou e encheu-se de flores em Porto Velho .Um Ipê Amarelo foi cortado e seu tronco foi transformado em um poste. Após o poste ser fincado na rua, foram instalados os fios da rede elétrica.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Há quem acredite em milagres


Há quem acredite em milagres

Eu gosto do impossível, tenho medo do provável, dou risada do ridículo e choro porque tenho vontade, mas nem sempre tenho motivo.
Clarice Lispector

Se não tiver sido pelo amor, que tenha sido mesmo pela dor, porque embora lágrima muitas vezes seja resultado de sofrimento, também é sinal de vida.Recito com uma das mãos no peito Cecília Meireles: “ O choro vão da água triste, do longo vento, vem morrer-me no coração.” O choro quando é de mágoa, lava, quando é de saudades, aproxima e quando é de dor mesmo, alivia, renda-se as suas lágrimas, abaixe a guarda como eu abaixei, se permita sentir, mesmo que o sentimento te faça sofrer.
Se não tiver sido pela insistência, que tenha sido pela minha fé, pelos meus joelhos dobrados, pelo meu abandono da arrogância de pensar que sou capaz de compreender tudo com a minha lógica.Fé parece algo irracional para os racionais, mas pra quem tem coração no centro da alma, entende que o corpo é só um veiculo.Eu creio.
E se não tiver sido pelo merecimento, que tenha sido mesmo pelo destino, porque a cada passo do meu caminhar eu segui na direção certa, ainda que tenha muitas vezes negligenciado os valores fundamentais da minha essência.Se eu tivesse acreditado que não conseguiria e que tudo estava perdido, o que em alguns meses vai acontecer comigo hoje eu nem escreveria que:
Eu sou mais um a acreditar em milagres.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Eu gozo


Eu gozo, não só pela satisfação ou pelo alívio, mas principalmente pelo contato físico. Eu gozo, não só por causa do prazer, mas sim pela sensação de plenitude que o exercício da sexualidade me causa. Eu gozo principalmente por causa da troca de energia, pela aliança e enlace dos corpos e pelo estabelecimento de uma relação independente de sua duração, mas com certeza por causa da atração e pela afinidade.
Eu gozo pelo charme e a sedução do antes. Eu gozo pela sublimação do domínio e da dominação do durante. Eu gozo pelo equilíbrio e a paz do depois, em que se tem a nítida sensação de que o sofrimento e a inquietude estão finalmente ausentes. Eu gozo porque quero me sentir misturado com a minha parceira.Tanto que nos confundimos um com o outro antes de se levantar da cama.Como se aqueles momentos fossem durar uma eternidade.
Eu gozo, até mesmo sem sexo, sem a necessidade da penetração, um orgasmo intenso mesmo sem ejaculação, porque há regozijo sublime ao ouvir uma boa música, ao comer chocolate, ao escrever um texto, ao receber um carinho, um afago, ou ao ler um bom livro. Eu gozo só pelo fato de que um acontecimento esteja ao mesmo tempo confortando tanto meu corpo como a minha mente.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Infidelidade.com.br

Cada vez mais a internet dá vazão ao que se esconde no oculto do ser humano, aos seus desejos inconfessáveis socialmente, mas que em segredo em sua casa ou em qualquer lugar longe dos olhos e do julgamento dos outros ele posa praticar livremente. Já se usa com muito sucesso a rede mundial como forma de conhecer pessoas através das inúmeras ferramentas que os computadores interligados oferecem, já se utiliza sua liberdade seja através do anonimato ou mesmo da super exposição da imagem, como forma de se relacionar com o mundo virtual. Seguindo esse raciocínio encontramos na grande rede sites que oferecem toda sorte de comportamento humano, e a traição não ficaria mesmo muito tempo fora disso.
Sabe-se que a traição virtual já é uma prática largamente usada, mas não de maneira digamos “oficial”. Usando esse nicho de pessoas ávidas por experiências fora de seus relacionamentos de forma discreta, o site  Ohhtel (http://www.ohhtel.com/ acaba de ser lançado no Brasil. O site, que tem sua base nos EUA, começou a oferecer seus serviços com.br.Esse espaço virtual, que tem como subtítulo a frase:  Uma maneira discreta de se ter um caso”, atrai gente interessada em pular a cerca sem correr riscos.
A coisa funciona mais ou menos como uma rede social onde a promessa é achar amantes discretos para os clientes cadastrados de acordo com um perfil escolhido.
A vice-presidente do site, a brasileira Laís Ranna, antes já havia trabalhado em outro projeto polemico e curioso: Uma rede social que ajuda mulheres a encontrar homens ricos. Segundo a filosofia do site esse seria “o verdadeiro segredo para um matrimônio duradouro”. Essa idéia já é usada no Second Love, outro site especializado em traições.No Ohhtel os cadastros são gratuitos para as mulheres, mas os homens interessados precisam pagar uma taxa inicial de R$ 60 reais. Com o passar do tempo, caso o usuário queira ampliar a lista de contatos, precisará mudar a conta e, com isso, pagar mais. O site não interfere no que diz respeito aos encontros, ficando essa parte por conta e risco dos interessados.
O casamento vive sendo vilipendiado e considerado como “uma instituição falida” desde os tempos dos hippies que pregavam o amor livre e consideravam a união estável de um casal como algo careta e ultrapassado.Os autores desses sites dizem que seus produtos seriam uma alternativa ao divórcio e de acabar com a monotonia de seus relacionamentos muitas vezes desgastados e sem sexo.A traição conta com o “glamour” de uma aventura emocionante e nesses sites o cadastro permite visualizar fotografias ou fazer contatos.A empresa realizou uma pesquisa como projeção do negócio e descobriu que tem 15 milhões de brasileiros vivendo de forma marital mas sem sexo.
Segundo os administradores do site se uma pessoa está em um casamento de longo prazo e o parceiro perdeu o interesse sexual, ela tem três escolhas: continuar casada numa vida de castidade; um divórcio, dividindo filhos, bens etc. ou procurar sexo em outro lugar. O site garante que há segurança e total privacidade em seu sistema porque ninguém tem acesso às informações pessoais de seus usuários. Quem entra tem que concordar com termos de condições do site, as pessoas têm opção de colocar sua foto de forma privada, só vê quem tiver sua permissão, o nome do site não aparece na fatura do cartão ou há uma opção de pagar em dinheiro não deixando rastro. E a pessoa não precisa colocar o seu nome para se inscrever, apenas tem que por idade e sexo. È proposto que a pessoa use um apelido e não seu e-mail pessoal, mas crie um e-mail só para isso.

P.S.: Pessoalmente eu não me cadastraria no site, acredito que essas novas liberalidades façam parte de uma frente ampla que objetiva uma sociedade desprovida de valores mínimos de convivência saudável onde a liberdade tem seu significado totalmente deturpado. Sem utilizar de moralismos, mas me baseando que o convívio entre duas pessoas só deve ser mantido enquanto for verdadeiro e o dialogo é a melhor saída para qualquer situação, me oponho a essa prática.È o sacrifício que cada um faz em uma relação monogâmica que dará a dimensão de sentido a ela e quando não há mais prazer na convivência com seu parceiro, ela deve ser rompida.
Para os mais ousados e que queriam experimentar seus limites na vida de casado, há a opção do swing, ou troca de casais.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Farinha do mesmo saco


Na minha memória, tão congestionada e no meu coração tão cheio de marcas e poços você ocupa um dos lugares mais bonitos.
Caio Fernando Abreu

Ah esses dois! Eles são assim, farinha do mesmo saco, cheiro da mesma flor, luz da mesma estrela, pedra do mesmo caminho. Esses dois me confundem tanto que ás vezes parece até que são irmãos, não porque são parecidos fisicamente, não, isso não, mas porque se entendem tão bem. Embora saiba que entre quatro paredes aconteçam segredos, a mim me dá gosto de ver um casal assim. Mas dos invejosos já ouvi um absurdo: Que dá até nojo! Eita que inveja é igual bicho-da-goiaba! Mas deixemos isso pra lá!
A verdade é que não se sabe onde termina um e onde começa o outro. Suas frases surgem juntas e misturadas formando um único pensamento, que só eles conseguem distinguir o que é de cada um. Os desejos da mulher/leoa colorem as palavras do homem/poeta. Seria clichê dizer que eles se completam, mas fazer o quê se é isso mesmo.
Um é o sumo e o outro é a polpa, misturadas suas essências, que refrescante suco dá! A sensibilidade infinita do coração dele diluída na desvairada excitação dela. Um preenchendo os espaços vazios do outro com cores brilhantes. Ele iluminado pelo sol amarelo, ela refletindo a lua prateada. São dois ao mesmo tempo em que são um, uma curiosa peculiaridade daquilo que chamamos de afinidade. Teria Deus concedido esse encontro porque eles mereceram? Talvez sim se considerássemos os outros tantos desencontros que eles já tiveram.
Ah esse dois! 

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Um filho eterno


A morte de um filho/é uma gravidez às avessas/volta pra dentro da gente/para uma gestação eterna/aninha-se aos poucos/buscando um espaço/por isso dói o corpo/por isso, o cansaço/E como numa gestação ao contrário/a dor do parto é a da partida/de volta ao corpo pra acolhida/reviravolta na sua vida/E já começa te chutando, tirando o sono/mexendo os órgãos, lembrando o dono
que está presente, te bagunçando o pensamento/te vazando de lágrimas e disparando o coração,/A morte de um filho é essa gravidez ao contrário/mas com o tempo, vai desinchando/ até se transformar numa semente de amor
e que nunca mais sairá de dentro de ti.
Bruno Gouveia – Vocalista do Biquini Cavadão

Pergunte-me qual meu maior sonho e eu te responderei: Ter um filho. E se ele ainda não veio, virá. E se não veio é porque ainda não chegou a hora. Pra mim filho não é só continuação ou prova de “macheza”. Filho pra mim é um presente de Deus, filho é um pedaço da gente, mais uma razão pra viver, lutar e conquistar. Sei que com o tempo o filho fica maior do que a gente, não só pelo tamanho, mas pelo orgulho de ver nosso filhote ser feliz. Por isso como é difícil ler o relato de um pai a respeito da perda de seu filho. Ainda mais quando vem de um cantor que sempre me emocionou. Só hoje tive contato com essa história. Ironicamente bem no dia do meu nascimento, eu eternamente filho e futuro pai. A queda de um helicóptero em Trancoso levou a vida do pequeno Gabriel filho do vocalista Bruno Gouveia. Pai “tardio”, Bruno criou um blog http://mimevoce.blogspot.com , para mostrar cada passo, até mesmo antes do nascimento, e cada detalhe de seu filho tão amado e querido. É emocionante acompanhar através de imagens, vídeos e textos o pai “babando”, o pai se regozijando e vibrando com o nascimento, crescimento e desenvolvimento de seu filho. Bruno descreve com tanta ternura , com tanto amor a vida breve de seu filho que lendo seu blog renovamos nossa fé na maternidade e na paternidade. Sempre enxerguei num filho a sublimação de um amor.
A carta que Bruno escreve em: http://biquinicavadao.uol.com.br/blog/?p=1609, não apenas corta nosso coração, mas também nos ensina que a dor por mais profunda que seja, se não nos mata, por incrível que pareça, nos fortalece ainda mais. A perda de um filho não pode ser mensurada, no máximo pode ser apenas imaginada como na canção “Pedaço de mim” (assista em: http://www.youtube.com/watch?v=-ElevYsUDO4). “Oh, metade arrancada de mim leva o vulto teu. Que a saudade é o revés de um parto. A saudade é arrumar o quarto do filho que já morreu.” Quando choramos a morte de alguém que amávamos tanto nossas lágrimas parecem ser de sal, mas pra quem chora é como se elas fossem de sangue.
Partindo do principio que acredito que nossa existência corporal é finita, mas nossa existência espiritual é eterna, o pequeno Gabriel filho de Bruno, pra sempre será seu fã, estará presente nos shows e nas canções que já foram criadas e certamente numa muito linda que ainda será composta. Porque coração de músico, como o de seu pai Bruno, não bate, canta.
Bruno sei que nessas horas de tanta dor talvez sua voz quase suma e o que dizer quase não tenha força pra sair de sua boca. Mas o amor além de sentimento sublime, também nos dá o dom da palavra. Em seu primeiro show tenho certeza que no meio da plateia, no meio de toda aquela multidão, seu pequeno Gabriel estará orgulhoso da superação do próprio pai.
Fica com Deus Bruno, é impossível esquecer a dor, mas é possível continuar cantando como você sempre fez com tanta força, talento e paixão. Você nos ensina que ser humano não é só sentir prazer, mas é também sentir dor, misturados na mesma intensidade e em qualquer ordem que seja. Um grande abraço de um fã da sua arte e agora também do seu exemplo de humanidade.

 P.S. Quem me lê sabe que sou sonhador. Por isso peço a algum leitor que tenha a possibilidade de fazer chegar ao Bruno essa mensagem que por gentileza o faça. Agradeço de alma e coração.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Típico romance


Nota: Conto ficcional, qualquer semelhança com a realidade será mera coincidência… será? Que esse texto tenha o poder de tornar tua realidade em minha imaginação e vice-versa.

Não era de hoje que eu reparava nela, uma mulher inteligente, educadíssima e simpática. Trabalhávamos em setores diferentes, mas vira e mexe a gente se encontrava nos corredores. Sempre discreta, ela não era muito de dar conversa, embora fosse bastante sociável. Todo mundo comentava a respeito dela, alguns até tentaram se aproximar, mas ela dentro do ambiente de trabalho era séria não dava bola pra ninguém. Sua postura profissional era tida como exemplar por toda diretoria. Foi quando tive a oportunidade de conhecê-la melhor porque tínhamos sido destacados para trabalhar juntos na elaboração de um importante relatório. Eu como analista financeiro e ela como coordenadora de processos, passaríamos um mês inteiro trancados numa sala de reunião triando, separando, classificando e analisando caixas e caixas de documentos fiscais e contábeis.Em minha vida profissional nunca tinha passado por aquele experiência de imersão numa única tarefa e ficar ao lado de uma mulher encantadora então, nem imaginava.Parecia ficção.
Foi nesses dias de proximidade que se estabeleceu entre nós uma amizade, mesmo extremamente concentrados conversávamos de vez em quando sobre amenidades, acabamos criando um vínculo além do profissional, algo mais pessoal, onde ela me contou de seus amores e eu dos meus e já estávamos até saindo para almoçar juntos todo dia. Também foi se estabelecendo entre nós uma sinergia profissional, de tal maneira que nosso relatório final superou todas as expectativas. Tanto que fomos designados para fazer o mesmo trabalho numa das filiais da empresa.
No dia que embarcamos no mesmo vôo com destino a Cuiabá o namorado dela foi ao aeroporto para se despedir. Cumprimentamos-nos com rápidos acenos de cabeça, coisa de homem, senti no olhar dele certa insegurança e muito ciúme. Ela já tinha me contado vários detalhes a respeito dele e confesso que por dentro eu ria da cara dele, não por desdém, mas por pena. Cara machista que trocava ela sempre pelos amigos, pelos jogo de futebol ou pela moto que ele idolatrava. Se ele fosse mesmo tudo que ela dizia, ele era um perfeito idiota.Ficamos hospedados no mesmo hotel, no mesmo andar, meu quarto era o 502 e o dela 507. Acontece que na filial ficamos ainda mais próximos, inevitável porque ninguém nos conhecia e havia certa desconfiança com o nosso trabalho que equivalia a uma auditoria.
Foi quando houve um dia que o trabalho deu uma enrolada e avançamos no expediente até depois das oito. Saímos pra jantar e voltamos. Naquela noite ela estava especialmente bonita. Longas tranças, olhos pintados, perfume floral, blusa branca decotada e salto alto. A essa altura eu já estava me apaixonando por ela. Tá certo que era uma paixão light, coisa de homem se apaixonar com cuidado. A toda hora o namorado dela ligava, eles brigavam sem parar, e eu só ria. Estava na cara que aquele relacionamento não funcionava mais, eu já tinha dito isso pra ela e vi em seus olhos a dúvida.Brava, ela se sentou no sofá do lado da longa mesa da sala de reunião e disse bufando:
- Aí! Não agüento mais esse cara chato e esse salto alto que tá me machucando os pés – e tirou aquele par de sapatos brancos revelando seus lindos pezinhos branquinhos e de unhas pintadas de rosa clarinho. Daí eu não conseguia mais me concentrar no trabalho, ela ainda usava uma tornozeleira na perna esquerda singela e dourada com vários pingentes, tentei disfarçar o olhar, mas não consegui me controlar. Primeiro ela ficou vermelha, mas como já éramos íntimos de tanto ficar juntos, teceu inesperadamente uma frase de humor:
-O que foi, eu tô com chulé? – explodimos em risadas, aquela quebrada de gelo revelou um lado dela que eu ainda não conhecia, que ainda não tinha me mostrado por causa de sua rígida postura profissional, um lado mais descontraído e que a deixava ainda mais encantadora. Acabamos nos deixando menos constrangidos com as risadas. Mas a minha vontade mesmo era beijar aqueles pezinhos branquinhos e delicados. E ela tinha dado uma relaxada, se abriu dizendo que estava mesmo de saco cheio do namorado, que não estava mais gostando dele e tal, então depois de quase dois meses juntos, senti que aquela era a oportunidade de investir e fui logo disparando um convite:
- Então sugiro um happyhour , estamos cansados, você de saco cheio e eu entediado dessa sala.
-Será? Putz, olha que eu vou aceitar heim!
- Vamos, eu pago a tequila!
Aquele feito era memorável, não pensei que ela sendo tão séria e tão exemplar toparia algum dia sair comigo. Além do mais tinha o lance dela com o cara, embora isso desde o começo notei que não seria um empecilho, não sei porque nunca botei fé na relação dos dois. E lá fomos nós pela noite estrelada da capital mato-grossense, descobrir a fervente vida noturna cuiabana. Tomamos um taxi e pedimos pra ele nos deixar na rua do “agito”. Acabamos indo parar num night club chamado club garage que tradicionalmente tocava música eletrônica, mas naquela noite excepcionalmente, para a sorte de nossos sagrados gostos musicais, estava tocando o bom e velho rock and roll.
Eu paguei a tequila como havia prometido. Parei logo na quarta, ela foi até a oitava dose. Quando no palco ouviram-se os primeiros acordes de “Eu te amo você”, canção de Marina Lima, vi nascer bem diante dos meus olhos uma mulher encantadora e sexy que eu jamais imaginava morar no corpo da minha colega de trabalho, a sisuda coordenadora de processos deu lugar a uma sensual mulher que cantou pra mim olhando bem no fundo dos meus olhos e encostando a mão direita no meu ombro esquerdo: Acho que não sei não, eu não queria dizer, tô perdendo a razão, quando a gente se vê. E me puxou pelo braço para dançamos na pista pertinho um do outro o resto da música. E na parte que diz: “Eu queria te ver, sentindo esse, lance tirar os pés do chão, típico romance, mas tudo é tão difícil, que era mais fácil tentarmos esquecer e virar só mais uma ilusão nessa madrugada”, o beijo foi inevitável, os braços se abraçaram e as línguas se engancharam, toda aquele “pegação”  se acelerou ainda mais durante o refrão: Eu te amo você, já não dá prá esconder, essa paixão.E antes que pudéssemos sentir remorso ou pensar em qualquer arrependimento,  nos encostamos na parede num beijo frenético durante o trecho: Mas não quero te ver, me roubando o prazer da solidão...
Graças aTequila, ao calor da noite cuiabana, a bela canção da Marina Lima, ao namorado chato e a irresistível lei da atração, naquele resto de noite não dormi no quarto 502, mas no 507.


sexta-feira, 27 de maio de 2011

Olhos verdes, olhar azul



Eu me apaixonei por você
Mas não pelos mesmos motivos
Que todo mundo se apaixona por alguém
Comigo foi mais profundo, muito mais além

Ainda quando nem sabia ao certo
Dos meus sentimentos por estes teus olhos
De cílios de harpa e essa boca de rubi
E eu quase Orfeu, rabisquei um poema
Que assim escrevi:

Que gostava de voar eu sempre soube
Mas como quis sair do chão
Depois que você surgiu em minha vida
Já sabia que meu ponto fraco era o coração
Mas depois de seu aparecimento
Ele bateu muito mais forte

Poeta quase sempre morre do coração
Não porque ele ficou cansado   
Mas porque bateu demais

Eu me apaixonei por essa mulher
Que pétala por pétala bem-me-quer
Cuja beleza rara dá sentido e direção
Ao meu desejo de estar rente
Num acordo intimo de ternura e paixão
De estar me confundindo com ela
Através da vida, pelos sonhos
Como uma fotografia no porta-retratos
Que se renova todos os dias

E quem sabe um dia desses
Você sopre minhas asas pra eu sair do chão
E eu sopre as suas para que elas te alcem
Um vôo direto em minha infinita direção

Leoa





























Quando fugi da minha jaula
Conheci uma mulher misteriosa
Toda cheia de capricho
Fiquei louco na mesma hora
Senti um profundo calafrio
Como um desejo de bicho
Por aquela fêmea lânguida no cio

E então livres e soltos
Como foi louca a nossa história
Com suas garras me lanhou
Me mordeu, me dominou
E de tanta garra e caricia plena
Ainda trago as marcas frescas
No corpo e na minha memória

Logo eu que achava que Leoa
Mulher-fera, fêmea-selvagem
Só se encontrava lá na savana africana
Mas foi surpreendido pela Menina- Felina
Rugindo alto e forte na minha cama

E nessa batalha selvagem,
Não se sabe quem venceu
Se a foi leoa no cio
Ou o homem que a mereceu!

Encontro


Ela rodeada de encantos
Ele cheio de seduções
Ela perfumada como uma rosa
Ele sensual como um toureiro

Ela justa como um vestido
Ele firme como uma calça
Ela desejosa como uma boca
Ele faminto como uma mordida

Ela apaixonada como uma menina
Ele louco por ela feito um garoto
Ela nua como uma lua
Ele despido como um sol

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Pequenos lábios


Nota: Texto ficcional com conteúdo erótico, portanto se o leitor for menor de idade ou não gostar de tal gênero, delete imediatamente a mensagem e não leia nada do que vier a seguir.O titulo do texto refere-se a anatomia do órgão sexual feminino, a vulva, especialmente aos lábios vaginais que são compostos de pequenos e grandes lábios.A semelhança com terminologia usada para a boca humana inspira esse texto. Os lábios vaginais têm forma, textura e coloração parecidos com a boca. Os lábios das “bocas” da mulher agem em uníssono quando vem a excitação: ficam mais túrgidos, mais rubros e mais sensíveis.

Eu era freqüentador habitué da biblioteca da universidade, além dos livros de economia, cálculo e comércio exterior que usava para elaborar trabalhos e seminários, estavam entre minhas leituras preferidas livros de literatura nacional e internacional.Minha carteirinha dava direito a só 5 livros por semana, mas com o tempo e um pouco de conversa consegui flexibilizar minha cota para sete.Porém, para tanto, foi necessária uma estratégia de negociação. Geralmente as bibliotecárias que trabalhavam no prédio 11 da biblioteca eram mulheres já bem maduras e pouco sensuais. Uma pena porque a maturidade de corpos femininos sempre me atraiu, talvez algo edipiano, talvez um fetiche, de qualquer maneira nunca deixei de me sentir atraído por alguém com mais experiência do que eu.Mas definitivamente as bibliotecárias do prédio 11 eram ranzinzas demais para provocar qualquer tipo de desejo.
Entretanto, numa sexta-feira havia uma bibliotecária nova, uma que nunca tinha visto antes. Uma jovem moça que usava óculos de armação azul, tinha um ar de intelectual e ao mesmo tempo de simpatia. Depois de reparar nela fiquei entretido em minhas leituras até as dez e meia e nem percebi que eu era o único que ainda estava lá na biblioteca. A moça chegou pertinho de mim, estava recolhendo os livros. Meu instinto masculino farejou seu perfume. O cheiro de uma mulher diz muito sobre sua personalidade. Ela estava provavelmente usando um Dolce & Gabbana, Light Blue feminino, de notas floral/frutal,  a intensidade do jasmim e o encanto da rosa branca, fundindo-se  as madeiras cítricas, ao âmbar e à delicada carícia do almíscar.Tudo isso significa que ela era do tipo sexy, mas que por postura estava sendo discreta no ambiente de trabalho.Mas já tinha disparado em mim o processo de desejo.
- Eu já estou indo embora viu, não quero te atrasar, imagino que você está louca para sair voando daqui nessa sexta-feira.
- Imagina esse é meu trabalho, costumo ficar aqui até ás onze. – a moça tinha um sorriso lindo, usei a estratégia de puxar papo sendo gentil, isso sempre funciona, a abordagem masculina é um calcanhar de Aquiles no jogo da sedução, a maioria dos caras sempre erra o tom na hora de se aproximar de uma mulher.Acaba assustando mais do que aproximando.
- Venho sempre a biblioteca e por isso não pude deixar de notar que voce é nova aqui.
- É verdade eu sou estagiária, estou a pouco tempo trabalhando nesse prédio – Nesse momento eu já estava com alguns livros na mão e pude reparar ainda mais na moça.A abordagem prossegui agora tentando adquirir informações e usando um tom de maior intimidade.
- Também não pude deixar de notar a sua simpatia em contraste com a sisudez das outras bibliotecárias, é até agradável vir aqui estudar- Ganhei um largo sorriso e bochechas vermelhas. A bochecha parece ser a parte mais suave de todo o corpo feminino, uma mulher que cora diante de um comentário é charmoso,  tem consciência de sua sexualidade, mas ainda preserva uma certa pureza juvenil.
Consegui que de certa maneira ela entrasse na minha. Numa rápida conversa é possível se saber muita coisa de alguém. Em cinco minutos eu já sabia que ela era solteira e que voltava pra casa de ônibus, pois morava com os pais na zona sul.Antes de oferecer uma carona resolvi alongar nossa conversa.
- Estou te atrapalhando? Não quero te atrapalhar heim.
- Não, não imagina, estou adorando conversar com você, não conheço ninguém por aqui, por isso é tão bom fazer uma amizade – pronto, já tinha conseguido o que eu queria.Esperei ela fechar a biblioteca e ofereci carona.Ela primeiro recusou, mas não demorou muito acabou aceitando.
Ao sair de seu ambiente de trabalho pude notar que ela se transformou um pouco, ficou mais solta, trocou de roupa no vestiário e isso mudou bastante sua aparência, um decote em sua blusa revelava o que o perfume já tinha me sinalizado, havia uma jovem sexy mulher ali. As meias-esferas de seus seios reveladas davam idéia, reparei em suas pernas longas, um homem quando olha para as pernas de uma mulher não consegue evitar imaginar o vértice, o ponto em que elas se encontram, seus pares de pernas funcionam como uma flecha que indica a “terra prometida”. O trânsito ajudou dessa vez, fez com que o caminho fosse mais longo, a conversa fluía. Ela usava um salto alto branco, unhas bem pintadas em pés delicados. O meu fascínio por ela estava em seu ápice, sentado ao meu lado no banco do carona eu mal conseguia me controlar em querer tocar seus joelhos quando mudava de marcha.
Chegamos à porta de seu prédio, ela me deu um abraço apertado, agradeceu...mas para mostrar minha intenção , que estava muito além da gentileza ou do favor, apertei ela mais forte ainda durante o abraço e deixei que percebesse que inspirei profundamente seu perfume que estava impregnado ao seu pescoço. Ao final do abraço ela deu um sorriso encabulado, havia percebido meu sinal não-verbal que havia uma atração. Eu por minha vez reconheci em seus sinais um consentimento, uma possibilidade de envolvimento e sem pensar muito beijei sua boca.
No inicio o beijo foi tímido, lento e suave, mas passados alguns segundos houve uma aceleração, ao toque das línguas senti a excitação explodir em mim e remexer nela. Sua boca pequena de lábios úmidos guardava aquele mistério então revelado na troca de salivas e carinhos quentes.
- Melhor pararmos por aqui, não me sinto a vontade em fazer isso na frente do meu prédio. – A moça possuía aquilo que mais me fascina numa mulher, o misto de prudência e ousadia. Aceitei imediatamente sua condição elogiando seu beijo, seu perfume, trocamos os números de telefones e ela desceu do carro sorrindo bastante. E eu que já era assíduo freqüentador da biblioteca troquei os bares pelas estantes e mesas. O que foi bom pra mim em dois aspectos. O primeiro intelectual, conseguia emprestar mais livros e por isso ler mais e o segundo sexual porque estava fazendo amor com freqüência com uma bela mulher.
Depois daquele dia as caronas não tiveram mais como único destino a porta do prédio da moça, e foi nas alcovas dos motéis paulistanos que conheci os outros lábios dela, seus pequenos lábios vaginais desenvolvidos e macios.