Desejo não é pecado

“Amor é o desejo irresistível de ser irresistivelmente desejado.” (*Robert Frost)

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Viver dóI

Viver dói. Dói desde o momento que saímos de dentro do ventre de nossa mãe sentimos dor. Mas a dor que a vida nos causa não é apenas física, existe uma dor psicológica que nos aflige em forma de medo, de decepção, de desgosto. A dor está presente porque ela é uma ameaça que vai desde uma picada de agulha, uma dor de dentes, uma batida na ponta da mesa, o rompimento de um relacionamento até a perda de alguém querido por qualquer razão. Todos nós, enquanto vivos, estamos sujeitos a passar por uma frustração, desencanto, desapontamento, descontentamento, desilusão ou desengano. E isso deixa marcas dentro da gente, como mágoas ou ressentimentos. Por isso, não importa quanto você esteja feliz, há sempre uma dor rolando no fundo da sua alma. Mas sentir dor não é o mesmo que sofrer, porque sofrimento é uma escolha. Você pode sentir dor e não achar que ela é algo ruim, e assim não transformar essa dor em sofrimento. Porque sofrer é padecer pela preocupação, é se torturar por uma perda, é se angustiar continuamente por algo que passou ou que ainda virá, é ser refém da incerteza e se tornar alguém amargo e resignado com o próprio fracasso. A diferença é que dor é um fato, a coisa acontecida, mas o sofrimento é a nossa resposta a esse fato, é a nossa reação a dor.
Viver dói, viver é perigoso, viver é um risco porque a vida é um campo minado, cheia de incerteza e de perigos espalhados e escondidos por todos os lados, a gente nunca sabe qual passo pode ser o passo fatal, mas se deixar que essa dúvida nos domine em forma de sofrimento ficaremos sempre parados. A vida dói mais do que a morte, porque a morte “morrida” é rápida, num piscar de olhos você está morto. Mas estar vivo demora muito mais. Dor não causa o sofrimento, mas o sofrimento pode causar dor.

Enfim, aceitar que viver dói diminui o sofrimento.

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