"À força de tanto ler e imaginar, fui me distanciando da realidade ao ponto de já não poder distinguir em que dimensão vivo"
(Dom Quixote – Miguel de Cervantes )
Escrever é mais ou menos como voar, porque a voltagem do que me envolve neste ato é a mesma que abarca as asas do passarinho. Escrevo como quem quer se reconhecer nas palavras que registra, essa é a minha maneira particular de enfrentar o mundo. Luto dia a dia para resistir ao espírito de meu tempo que tem como sua espada o imediatismo. Estou cercado por pessoas que querem tudo na hora, que não sabem o que é paciência e que não tem a mínima idéia do que é respeito ao próximo. E isso é muito angustiante, sensação essa que só é atenuada pela densidade do que sinto como fotografo, porque considero escrever crônicas como se estivesse batendo fotografias minhas ou do que está acontecendo a minha volta , e além.
Através das minhas crônicas eu fotografo, mas com a consciência que também faço parte dessas fotografias deste mundo caduco, que mais se parece um campo de concentração cuja tortura é o gozo permanente ou a busca desenfreada por ele através do consumo.Somos todos prisioneiros do ter.
Os dentes da minha memória mastigam antigas lembranças que por intuição sinto que são mais ancestrais do que as minhas reminiscências dessa existência. O morto morre vivo, a paixão quando fenece ou se torna amor ou lembrança. Conjuro as forças da literatura para que me torne diferente, não por orgulho ou vaidade, mas para que seja ungido pela luz da minha espiritualidade , e assim permanecer existindo indefinidamente cumprindo meu papel.
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