Uma das grandes “verdades” da vida é que as pessoas dizem
uma coisa ou atuam de uma maneira perante os outros, mas longe dos olhos públicos
fazem muita coisa diferente. Ou se se não fazem, pensam diferente do que dizem
pensar. Isso equivale dizer que a hipocrisia é o que mais comum encontramos a
respeito de “pessoas”. Fingem ter ou não crenças, virtudes e sentimentos que na
verdade não possuem. No fundo todo mundo sabe que, o que a cabeça pensou, se você
não disser, ninguém o saberá jamais. E para se proteger, resguardar e brindar tem
a falsidade do olhar e a mentira da boca. Fosse-nos possível ler o pensamento
um dos outros, assim como se lê nessa tela, ficaríamos horrorizados com o que
passa na cabeça da humanidade.
Transpondo essa hipocrisia para o filme de maior sucesso na
atualidade, “50 tons de cinza”, notamos que o sucesso do livro e do filme
ratificam que nosso progresso tecnológico não se traduz em evolução social ou
avanços na forma de pensar. Apesar do Ipod, Ipad e Smartfones ainda vivemos
numa sociedade provinciana e culturalmente repressora dos desejos femininos. O
filme e o livro reforçam tudo aquilo que a liberação sexual feminina sempre
combateu desde os anos 60.
Porque uma estória como essa, onde o controle que um homem poderoso ou
(mais) seguro exerce sobre uma mulher insegura ou fragilizada não fica só na
ficção, ela traduz a realidade oculta e que muitas pessoas pensam ser o certo. Ainda
existem maridos ou namorados que controlam desde a roupa até o que suas
namoradas ou esposas podem conversar. E essas mulheres acham esses
relacionamentos abusivos, perfeitamente normais. E muitas vezes incentivadas por
suas próprias mães. O frenesi causado por “50 Tons de Cinza” é mais uma
evidência de que ainda achamos interessante – e até tentador – que uma mulher
se submeta a um homem para conseguir algo em troca. Christian Grey é mais do
que um personagem que gosta de sexo selvagem. Ele é o “bom partido” que muitas
mulheres (ainda) querem agarrar.
Mas não admitem.
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