Desejo não é pecado

“Amor é o desejo irresistível de ser irresistivelmente desejado.” (*Robert Frost)

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

O prazer é nosso

Lascívia, substantivo feminino, significa propensão para a luxúria, sensualidade exagerada, excitação, tesão.
O erotismo é uma das maiores expressões do desejo sexual humano, é algo não muito explícito , tem haver mais com o charme, é o bel-prazer que se materializa mesmo sem o toque, muitas vezes não requer o contato físico, uma fotografia ou mesmo uma imagem mental detona estímulos capazes de excitar uma pessoa.
Como se trata de um estímulo  visual, a raiz moderna do erotismo vem do cinema americano do inicio do século XX, as belíssimas musas ajudaram a criar no imaginário popular os mitos da sensualidade feminina que seduz os homens como o açúcar faz com as abelhas.
A personagem de animação Betty Boop foi um dos ícones do erotismo moderno, criada em 1930 ela tinha feições caninas e era apenas a namorada de um cachorro em um curta animado. Sucesso instantâneo transformou-se logo em protagonista, as orelhas de animal deram lugar a brincos de argola e os fãs descobriram que, ali, havia uma mulher de charme e ousadia. Com seios marcados, cinta-liga à mostra, lábios provocantes e voz inspirada em cantoras de Hollywood , em especial Helen Kane, da canção “Boop Oop a Doop” que foi o motivo do seu nome de batismo.
Sexo vende e muito, por isso a imagem da mulher sexy e símbolo sexual é explorada como um produto para dar satisfação aos anseios masculinos por sensualidade, em contrapartida com o advento do feminismo, mais tarde os homens também foram usados como alegorias do desejo feminino. A derivação do erotismo em pornografia acabou desvirtuando o propósito da insinuação como um meio suave da sedução, a explicitação do sexo tira um pouco da graça do erotismo por escancarar demais, pois a fantasia em matéria de sexo se parece muito com brincadeira de gente adulta.
O simbolismo sexual ajuda a criar padrões de beleza.e a direcionar os comportamentos das pessoas, cabelos loiros e sensualidade, o tamanho dos seios, os saltos, as saias, os músculos  e tudo mais que envolver a indumentária e o corpo, a beleza é uma das maiores preocupações de um ser humano, talvez porque todos nós queremos ser notados de uma maneira ou de outra.
Na galeria das grandes musas não-americanas temos:
Brigitte Bardot tinha um olhar insinuante ,um enorme “sex appel” pelo conjunto do corpo todo, cabelos loiros e despenteados, um misto de ingenuidade e leviandade, uma mistura fascinante da ninfeta com a femme fatale.
Catherine Deneuve além de ter sido belíssima no esplendor de sua juventude, ainda se conserva esplêndida e em forma do alto dos seus 63 anos , é um belo exemplo de como se envelhecer bem
“A bela da tarde” é um dos seus filmes mais famosos, filmado em 1967 abordava um assunto já bem avançado para época.A história de Séverine, jovem rica e infeliz que procura um discreto bordel para realizar suas fantasias sexuais e conseguir o prazer que seu marido não consegue lhe dar.
Dona de um intenso magnetismo que atrai os olhares tanto dos homens que a desejam como das mulheres que a admiram , além da sensualidade possui um enorme talento dramático que une a beleza contemplativa à admiração pela sua capacidade e inteligência.
Embora a beleza não seja um privilégio de todos, cada um de nós possui algo de belo que não é próprio somente aos olhos, mas que transcende conceitos estéticos, como uma formosura que vem de dentro pra fora, um encanto pela sinceridade das palavras, uma atração pela generosidade de um gesto ou mesmo um fascínio pela simplicidade da doçura que trata outros “"alguéns"”.
(Texto escrito em 2005)

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