Desejo não é pecado

“Amor é o desejo irresistível de ser irresistivelmente desejado.” (*Robert Frost)

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Mulher brasileira é feita de amor - Parte III

A paraense sedutora


A recordação vai estar com ele aonde for
A recordação vai estar pra sempre aonde eu for
Dança, sol e mar, guardarei no olhar
O amor faz perder, encontrar
Lambando estarei ao lembrar que este amor
Por um dia, um instante foi rei
(Chorando Se Foi (Lambada) –Kaoma)

O calor de Belém do Pará entra na gente e o sangue de qualquer homem fica fervente. Adiciona-se a isso ao caldeirão de misturas que é a cidade, ao povo bacana e variado, a cidade morena é povoada pelos risonhos, gazos, brancos e sararás.Na cidade das mangueiras você estará se sentindo num dos corações do Brasil.
Era sábado, maré alta de março, daquelas que alagam tudo, o poeta ainda sentia o gosto do caranguejo na boca quando ali pertinho dele a paraense sedutora chegou com seus cabelos negros e lisos como talas. A pele cor de coca-cola com bastante gelo.Os olhos, dois caroços de açaí maduros. Recatada, a morena de pálpebras puxadas transformaram o poeta em Ícaro.O mesmo Ícaro que voou perto demais do sol e suas asas de cera derreteram, lançando-o de volta à terra.No mercado de ver-o-peso lá estava ele fascinado pela presença daquela paraense sedutora.
Não foi preciso que ele matutasse muito uma aproximação, a moça meio-índia sorriu tanto com os olhos que ele automaticamente a seguiu pelas margens de um grande rio. “Você está me seguindo?”, disse com aquele sotaque líquido que tanto fascinava o poeta.Daquele dia ele nunca se esqueceria.
As paraenses tem o coração do tamanho da Amazônia e o poeta mergulho de cabeça dentro dela. E pensou que nunca mais sobreviveria sem açaí, maniçoba e pato no tucupi, tacacá, Ver-o-Peso, marés, rios e ilhas, canoas e torço nu. Ele queria viver para sempre sem camisa.
A morena usava um perfume, uma essência da floresta, tomava um banho-de-cheiro com vinde-cá, priprioca, patichouli, orisa, pau-cheiroso, chama, pau-rosa, e catinga-de-mulata.O corpo deles ficava constantemente suado e a energia para agüentar aquela intensidade vinha do açaí com farinha de tapioca ou farinha d’agua.
Ela gostava mesmo era de fazer amor sob a luz da lua e das estrelas, nos igarapés a sua cintura equatorial lembrava o balanço de uma antiga dança chamada de lambada, era na chuva ou no sol sem parar, a paraense sedutora quase reduziu o poeta ao bagaço, mas ele sobreviveu. Por pouco.

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