Desejo não é pecado

“Amor é o desejo irresistível de ser irresistivelmente desejado.” (*Robert Frost)

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Outros olhos e armadilhas

Alice não é anjo, nem demônio, é mulher. Anda apaixonada pelo Fabrício, mas ele anda fascinado por uma  poetazinha que resolveu seduzi-lo.- Coisa ridícula - ela pensa, mas isso a afetou de verdade.Morreu um pouco com essa decepção, mas é necessário nascer de novo.Pensa em Marcos seu antigo namorado.Fica se olhando nua no espelho, procurando rugas, espinhas, adorando sua bunda, mas gosta mesmo é de admirar seus seios, principalmente os bicos.Vive trancada no quarto, em sua casa cada um tem seu mundo, seus pais moram no sobrado dos fundos.O Irmão também vive trancado no quarto, usa drogas, não gosta de trabalhar e namora uma garota que mora longe, pouco dá bola pra moça que vive ligando pra ele choramingando sua atenção.Mas apesar desse distanciamento são uma família feliz, que fala alto nos almoços e nos jantares.O pai é brincalhão, gosta de beber cerveja.A mãe é aposentada do banco, virou dona de casa e por isso tem mania de limpeza.
Apesar de charmosa e inteligente Alice não tem muita sorte com homens. Fabrício é muito diferente dela, Marcos era mais igual. Mas com Fabrício tinha mais futuro, com Marcos, menos. Não é tão dengosa, mas também não chega ser amarga, Alice não é nenhuma “mulherzinha”, por isso ás vezes se acha masculinizada. Sua cadelinha vive entrando e saindo de seu quarto. Pensa num futuro feliz fora de sua casca.Conversa sozinha - A atual namorada do Marcos é linda, loira, alta.E aquela poetazinha de meia tigela acha que vai roubar o Fabrício de mim, tá muito enganada, não sei fazer versos, mas sou boa de cama!
Alice adora ler livros técnicos. Pensa em Pedro. Um amigo com quem se permitiu transar.Gozou três vezes, assim como gozou com o Jonas, outro “amigo”. A cadelinha entra latindo no quarto, seu irmão numa rara aparição parece chapado. Fuma maconha escondido no telhado, o pai e a mãe fingem que não sabem.Chamam sempre ela para ir a missa, mas ela não gosta, vai ás vezes só para agradar.Pensa na escolinha onde trabalha e nas necessidades especiais dos alunos – É estressante  trabalhar lá, adoro aquelas crianças, mas a minha chefe é um saco, um porre mesmo, vive reclamando da vida, do marido, deve ser mal amada, não devem transar gostoso, igual fiz com o Fabrício ontem, na beira da piscina na casa dele.Duvido que ele lembrou da poetazinha naquela hora.
Alice teve uns probleminhas de saúde, sente dores nas costas, faz ginástica  para se cuidar, faz regime, quer ficar mais bonita, mais atraente, nesses seus vinte e muitos anos, quase trinta.Adora os pais, mais fala pouco com eles, na verdade tem uma grande dificuldade de se expressar.Foi noiva, quase casou, mas Marcos não tava muito afim. Amam-se, mas não conseguiam ser felizes, ele vivia sumindo, metido com política, com um político sujo da cidade. E com certeza tinha outras.A cadelinha entra latindo no quarto.O irmão passa falando no telefone com a namorada, a despreza, parece que sente prazer em vê-la sofrendo. Pensa no Fabrício: - Adoro aquele cara, somos tão diferentes e ao mesmo tempo tão iguais.
Pensa na poetazinha – Aquela idiota, meio gordinha, quer roubar meu amor, mas eu sei que ela não consegue. Alice se deita no travesseiro, olha para o teto e pensa no que vai fazer essa noite.Pensa em ligar para Fabrício, mas desiste.

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