Desejo não é pecado

“Amor é o desejo irresistível de ser irresistivelmente desejado.” (*Robert Frost)

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

A casa de Maresias - Capitulo VII


Lorena

A filha Lorena cresceu menos mimada, porém mais retraída.Dentro dela desde pequena cresce um sentimento de ciúmes da irmã com o pai.Parece ser muito mais uma questão de afinidade entre eles, Clarice parece que combina com o pai, mas Lorena se ressente disso, embora só tenha se dado conta na adolescência.Por isso sua irmã é sua maior rival.
Clarice sempre teve os cabelos mais cumpridos, os de Lorena sempre foram mais curtos. A psicóloga percebeu muito cedo essa diferença entre suas filhas, e nunca se opôs a ela, pelo contrário, permitiu que elas se distinguissem uma da outra, permitindo que suas identidades fossem se formando de maneiras distintas e por isso elas desde cedo usavam roupas de estilos diferentes. A Lorena sempre se perdia dos pais, uma vez num supermercado, outra no parque de diversões e outra no estacionamento do shopping. Talvez fosse uma maneira de chamar a atenção.De que sentissem sua falta e que valorizassem sua existência.
Na escola Clarice sempre era a mais popular, já Lorena uma das mais estudiosas.Clarice era namoradeira, já Lorena não, dificilmente se encantava por algum garoto.Mas teve uma vez que se encantou por um.Paixão platônica.Ela e o menino da carteira da frente eram muito amigos, amigos de estudarem juntos, de estarem na mesma turma, e por isso ela se interessou por ele.Principalmente porque ele era inteligente e estudioso igualzinho ela.Na escola sentava ele na frente dela.Foram ficando muito amigos ao longo dos anos que estudaram juntos.Mas ela nunca contou pra ele, tinha medo de que ele risse da cara dela, que a achasse ridícula.Aliás ninguém nunca soube, era um segredo que ela guardava com ela.Escrevia um diário que tinha ganho da mãe psicóloga, ele tinha chaves para ninguém abrir.Bastou um descuido e Clarice conseguiu ler seu segredo.E maldosamente espalhou para escola inteira.A noite as duas brigaram feio, foram as vias de fato mesmo, se estapearam, puxaram o cabelo uma da outra, um ódio terrível veio a tona, era como se elas quisessem matar uma  a outra.Foi preciso a intervenção da empregada Maria, do Pai Arquiteto e da Mãe psicóloga para que as duas parassem de brigar.E cada uma ficou confinada ao seu quarto, ficaram de castigo por um mês sem poder sair de casa.Aquilo chocou um pouco aos pais, a psicóloga e o Arquiteto ficaram meio perdidos com aquela situação.Foi precisa muita conversa para que elas se reconciliassem.Mas foi tudo encenação.Lorena prometeu secretamente a si mesma que iria se vingar da irmã.Ao contrário do que ela pensava, o menino da carteira da frente ficou encantado em saber que sua melhor amiga era apaixonada por ele.
Lorena foi concebida pela psicóloga numa noite de amor com o Arquiteto no quarto da esquerda na casa de Maresias, noite em que chovia torrencialmente e que o som do mar bravio entrava pelas janelas. A luz tinha acabado e eles acenderam umas velas. Ficaram conversando, de mãos dadas na penumbra.O arquiteto sempre foi bom em massagens e a psicóloga tinha uma dor constante nos músculos lombares. Ele usou suas mãos grandes, mas muito leves, que desenhavam em pranchetas, para tocar suas costas em movimentos circulares. Com as pontas dos dedos ele massageava os nódulos e os tendões.Ela virava os olhos de alivio da tensão e de tesão mesmo.Aos poucos ele foi descendo até quase o bumbum, depois voltava até quase a nuca.A psicóloga foi ficando louca de desejo.Mas ele não parou por aí, intensificou os “requintes de crueldade” e começo a esfregar seu peito nas costas dela.E os grossos pêlos do peito dele iam friccionando na fina pele das costa dela, ela começou a se encaixar no corpo dele até que aquela massagem fosse se tornando uma sacanagem.Mas uma sacanagem amorosa, sim isso é possível, um desejo libidinoso, selvagem e louco, mas ao mesmo tempo carinhoso.Naquela noite, a luz de velas, eles começaram assim de costas, mas a psicóloga estava ferina e teve vontade de mudar de posição.Montou em cima dele e passou ela a comandar as ações.Movimentando os quadris freneticamente e com as duas mãos no peito dele arranhando.Olhos nos olhos, pedia para ele segurar em seus seios, para que chupasse um de cada vez, alternando a língua nos bicos, ora o esquerdo, ora o direito.Depois pediu para que ele puxasse seus cabelos, sem dó.E foi assim que alçaram o êxtase, ela gozou primeiro , depois ele a engravidando de Lorena.
No baile de debutante de Lorena ela dançou com o menino da carteira da frente. Depois da maldade da irmã tudo se encaixou entre eles. Os dois estavam apaixonados, viviam trocando emails e se falavam no MSN o tempo todo. Mas ainda não tinha rolado nem um beijo. Ocupados com a festança em todas dependências da casa de Maresias, os pais não viram quando ela beijou o menino da carteira da frente pela primeira vez, ali perto dos balanços que ficavam no fundo da casa.Foi um momento de amor num dos lugares da casa que tinha muita história, mas a menina nem sabia.
Apesar de Clarice ser a filha mais bonita, Lorena tinha seus encantos, era mais introspectiva, estava aprendendo a tocar piano, gostava de ir ao consultório da mãe para ficar estudando numa sala ao lado. Por isso as duas foram desenvolvendo uma afinidade entre elas. Lorena não tem a inocência perdida como Clarice, ela cultiva ideais românticos, embora não se deixe infantilizar como a maioria das mulheres faz, a eterna espera pelo príncipe encantado, inexistente.

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