Desejo não é pecado

“Amor é o desejo irresistível de ser irresistivelmente desejado.” (*Robert Frost)

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

A casa de Maresias - Parte IV


A psicologia 

A psicóloga ia para a praia com a família desde que era um bebezinho, sua primeira experiência com o mar foi quando ainda tinha três meses de vida, seus pais a levaram para se banhar nas ondas brancas do oceano atlântico após descer a Tamoios por algumas horas. E ela parecia gostar porque gritava de agitação com a água fria e seus irmãos naquela algazarra doida em volta dela. A psicóloga era filha de um pai comerciante vindo do interior, Itu, e de mãe italiana da Mooca. Eram quatro filhos, todos homens, só ela de mulher.Nascida numa casa quase que inteiramente masculina teve que se virar desde cedo para garantir seu espaço entre os homens.Enquanto que os três dormiam todos nos mesmo quarto, seu pai fazia questão de manter um quarto só pra ela, dizia “mulher tem que ser protegida”.E aquele carinho do pai com ela, aquela sensação de cuidado a acompanha pela vida toda.Caso contrário teria crescido insegura desde a infância.Por ser mulher e ter sido criada junto com um monte de homens aprendeu as vivências dos dois lados.Mas sua mãe sempre foi uma mulher que a cobrava demais, era mais ligada ao filhos homens, pegava demais no pé dela, exigindo muito moral e psicologicamente da psicóloga .Algumas dessas cobranças a fizeram buscar compensações na vida adulta.Sua conduta amorosa, por causa de alguns déficits de afetividade com a mãe, poderia ter sido uma sucessão de tentativas frustradas de estabilização emocional.Sorte a dela ter encontrado logo o Arquiteto.
Porém antes de conhecê-lo teve um relacionamento sério, namorou durante uma época um rapaz que ainda morava com sua antiga esposa. Ele dizia que morava com ela ainda só por causa do aluguel que eles dividiam. Foi um relacionamento conturbado, ela ainda muito jovem teve que enfrentar uma barra bem pesada. O cara era um tremendo de um Pilantra e enganou ela direitinho. Estava casado e a mulher sabia das suas pilantragens, mas não conseguia largá-lo.A psicóloga  na época não era mais ingênua, sabia que aquele homem não valia nada, mas se sentia atraída por ele.O pilantra tinha um tipo “bad boy”, cara de sem-vergonha mesmo, barba quase sempre por fazer,sempre sem camisa ou de camisa aberta, esses tipos que muita mulher gosta porque acha que homem tem que ser malandro e ter cara de mau. Perdeu a virgindade com o pilantra aos dezesseis anos.Naquela época estava louca para “pertencer” mesmo a alguém.E ele apareceu na época do seu no segundo colegial, quando começava a sair e ir para festas.O Pilantra a conheceu numa dessas festinhas de bairro.Ele tinha um carro envenenado, rebaixado, vidros fumês e som possante.Aquele aparato todo seduzia as menininhas de bairro em Itu.Ficavam todas suspirando por ele quando passava pela porta das casas que organizavam aquelas festinhas juvenis.Imagina o Pilantra tinha quase quarenta anos e ficava rondando feito tubarão aquelas ninfetinhas de quinze e dezesseis anos louco para “papá-las” todinhas.
E numa noite quando a futura psicóloga tinha bebido demais, tomou coragem e  aceitou dar uma volta com ele pelo quarteirão. Mas o que era um quarteirão foi pela cidade toda. Pediu um beijo e ela deu, pediu mais, porém ela pediu um tempo para se preparar.E o pilantra certo que tinha abatido uma nova preza esperou paciente.Esperou até um sábado que ela precisava fazer uma visita a avó que vivia na Mooca em São Paulo.Falou para os pais que ia de ônibus, mas foi com ele.E se entregou pro pilantra num motel da Marginal do Tietê. Até hoje quando ela passa por ali ainda dá um sorrisinho de canto de boca. Porque doeu muito, doeu pra caramba! Ela devia ter um estreitamento vaginal, ou então um hímen demasiado resistente. Porque o Pilantra apesar de toda banca que botava, não era tão bem dotado assim. Mas não falaram dessas coisas e tudo foi se ajeitando, até que a dor foi aos poucos sendo substituída pelo prazer.
Seu caso com o Pilantra durou alguns meses , a esposa do Pilantra chegou até a virar amiga dela como uma tentativa desesperada, ou uma falta de auto-estima absurda.Na cabeça dela ficando amiga da rival elas poderiam juntas tramar contra o Pilantra uma espécie de revanche, de plano para destruí-lo, e que ele destruído a ninfeta cairia fora e ela, a esposa, ficaria com seus restos porque ela o amava de qualquer maneira.
O Pilantra vivendo nos melhores do mundos, vendo sua esposa se aliar a sua amante-ninfeta, teve o desplante de propor que os três fossem pra cama juntos.A psicóloga quase aceitou, mas foi a esposa do Pilantra que indignada com aquela situação ameaçou contar pra família toda dela o que estava acontecendo se ela não se afastasse de seu marido.Com medo das conseqüências a psicóloga colocou ponto final naquele relacionamento.O Pilantra ainda tentou, mas ela percebeu que aquilo era mesmo besteira e que não sentia mais vontade de se aventurar daquela maneira.Há relatos que em Itu até hoje existe um Pilantra, agora com quase sessenta, caçando ninfetinhas.E ainda está casado com a mesma mulher.
Pouco tempo depois a família da psicóloga se mudou para São Paulo, o irmão mais velho iria se casar, o segundo estava se formando, ela iria terminar o colegial num colégio mais forte e o caçula iria tratar de uma doença pulmonar crônica que tinha desde que nasceu. Foram morar na Mooca juntos com os pais de sua mãe e mais repressão a psicóloga sofreu, porque eram todos moralistas e reacionários naquela família.
Seu pai tinha falido em Itú, esse já era o terceiro negocio dele que não dava certo, as ele nunca desistia.Tomou um empréstimo com um amigo e começou um novo negócio nas vizinhanças.No inicio todos ajudavam, até o irmão mais velho que iria se casar com uma advogada filha de homens ricos, estava lá dando sua mão-de-obra.A mãe era uma lutadora, mulher que falava alto, que fazia amizades fácil, mas que era extremamente controladora.No fundo era ela quem mandava em todo mundo.Já seu pai era um sujeito calmo, ponderado, parecia até mesmo calcular as palavras que iria falar.E a psicóloga era apaixonada pela maneira de ser de seu pai, porque foi ele que sempre abriu as portas do mundo para ela.

Nenhum comentário: